Setembro Azul: CMAEE realiza encontro em comemoração ao mês da visibilidade da Comunidade Surda Brasileira

Setembro Azul: CMAEE realiza encontro em comemoração ao mês da visibilidade da Comunidade Surda Brasileira

Cerca de 180 pessoas participaram do encontro, realizado no Teatro Municipal.

Com o tema “Um olhar para os novos desafios da comunidade surda brasileira”, foi realizado, nesta sexta-feira (27), no Teatro Municipal, a primeira edição do Encontro da Comunidade Surda de São Gonçalo do Amarante. O evento foi promovido pelo Centro Municipal de Atendimento Educacional Especializado (Cmaee), com o objetivo de comemorar o mês da visibilidade da Comunidade Surda Brasileira, o Setembro Azul.

Durante o encontro foram ministradas palestras sobre a importância da formação do professor na Língua Brasileira de Sinais (Libras), além do relato de experiência, com subtema “Em busca do conhecimento” e a “Vida em Libras” exposta por Letícia Sanchez, mostrando como é a vida de um surdo, entre outros depoimentos. Também foram apresentados trabalhos e encenadas peças teatrais pelos alunos do curso de Libras, desenvolvido no Cmaee.

*Setembro Azul*

A escolha do mês de setembro é repleta de significados na cultura e história nacional e internacional. Neste mês existem marcos históricos para a Comunidade Surda que merecem ser lembrados e homenageados.

10 de setembro – Dia Mundial da Língua de Sinais

No dia 10 de setembro é comemorado o Dia Mundial da Língua de Sinais, uma data que visa promover o respeito e a valorização da Língua de Sinais nos mais diversos países. A data foi escolhida com o intuito de lembrar do dia 10 de setembro de 1880, quando em um congresso sobre surdez em Milão proibiu o uso das línguas de sinais no mundo. A proibição baseava-se na crença de que a leitura labial seria a melhor forma de comunicação para os surdos. Os surdos viram-se então obrigados a se adaptarem às línguas orais, mesmo que isso não os tenha impedido de continuar a usar as línguas de sinais. Com o passar do tempo a resistência das línguas de sinais tornaram impraticável a proibição e pouco a pouco as línguas de sinais voltaram a ser aceitas no mundo todo.

Dia 26 – Dia Nacional dos Surdos

No dia 26 de setembro de 1857 a comunidade surda teve uma grande vitória: a criação da primeira Escola de Surdos no Brasil. Atualmente conhecido como INES (Instituto Nacional de Educação de Surdos) 4, a escola fica na cidade do Rio de Janeiro e propicia ensino especializado para crianças surdas até hoje. A data foi então escolhida para homenagear a Comunidade Surda no território brasileiro e oficializada através do decreto de lei nº 11.796 4, em 29 de outubro de 2008.

Dia 30 – Dia internacional do Surdo

A data do Dia Internacional do Surdo também foi escolhida para relembrar o fatídico Congresso de Milão que proibiu o uso das línguas de sinais no mundo. É um dia para relembrar as lutas ao longo dos anos e comemorar as conquistas alcançadas pela Comunidade Surda no mundo inteiro.

Por que azul?

A cor azul possui um significado que para muitos pode ser triste, mas também pode ser encarada como um símbolo de orgulho e resistência da Comunidade Surda. A simbologia vem da Segunda Guerra Mundial quando, durante a tentativa dos nazistas de livrar o mundo daqueles considerados “inferiores”, todas as pessoas com deficiência eram identificadas por uma faixa azul no braço — o que incluía a população surda. Essas pessoas eram então encaminhadas a instituições na Alemanha e Áustria, onde eram executadas. O programa responsável pela morte de cerca de 20.000 pessoas deficientes entre 1940 e 1945 era denominado T-4, ou Eutanásia.

Décadas depois, em 1999, a fita azul voltou a ser usada pela Comunidade Surda, mas agora como um símbolo do orgulho de ser surdo e fazer parte de uma população com uma história riquíssima. No XIII Congresso Mundial da Federação Mundial de Surdos sediado na Austrália, a Cerimônia da Fita Azul (Blue Ribbon Ceremony) teve lugar. A Cerimônia foi uma lembrança e uma homenagem aos surdos vítimas de opressão, e também a primeira vez que a fita azul foi utilizada com orgulho. O Dr. Paddy Ladd, também surdo, foi quem iniciou a prática do uso da fita azul como símbolo do movimento.

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