A Romanceira do Brasil Militana Salustino do Nascimento, mais conhecida como Dona Militana, nasceu no sítio Oiteiros, na comunidade de Santo
A Romanceira do Brasil
Militana Salustino do Nascimento, mais conhecida como Dona Militana, nasceu no sítio Oiteiros, na comunidade de Santo Antônio dos Barreiros – São Gonçalo do Amarante-RN, em 19 de março de 1925, sendo filha do Mestre do Fandango, Sr. Atanásio Salustino do Nascimento e de Maria Militana do Nascimento. Foi uma cantora de versos brasileira, considerada por muitos a maior romanceira do Brasil.
Aos sete anos já trabalhava na roça, plantando mandioca e feijão. Apesar de analfabeta e de ser proibida de cantar pelo seu pai, foi na lida do campo que memorizou os romances, sendo considerado por muitos, como a maior romanceira do Brasil.
O dom do canto ela herdou do pai, Atanásio Salustino do Nascimento, uma figura folclórica de São Gonçalo. Sua memória guardava, por tradição oral, um considerável acervo, o que fez dela uma enciclopédia viva da cultura popular. Eram romances originários de uma cultura medieval e ibérica, que narravam os feitos de bravos guerreiros e contam histórias de reis, princesas, duques e duquesas. Além de romances, Militana cantava modinhas, coco, xácaras, moirão, toadas de boi, aboios e fandangos.
Cantava seus romanceiros numa cadência que lembrava o cantochão, com ritmo baseado na acentuação e nas divisões do fraseado. Na maioria das vezes, as narrativas cantadas eram histórias trágicas, como a do “Conde de Amarante”, em que a esposa chora a ausência do marido, enquanto dá ao filho “o leite da amargura” e se despede da vida. Outros romances, como “Nau Catarineta”, traziam poesias de terras distantes, desconhecidas, lugares por onde Militana navegava com a memória e a imaginação.
RECONHECIMENTO
Na década de 1990, o folclorista Deífilo Gurgel conheceu os cantos de Dona Militana e permitiu que o país inteiro conhecesse o talento dela. A romanceira chegou a gravar um CD triplo intitulado “Cantares”, lançado em São Paulo e Rio de Janeiro. Críticos e jornalistas de grandes jornais brasileiros se renderam aos encantos e a peculiaridade da voz de Dona Militana. Em setembro de 2005, ela recebeu das mãos do presidente Lula a Comenda Máxima da Cultura Popular, em Brasília.
Mas o reconhecimento financeiro para esta festejada romanceira só veio em 2009 com o Projeto de Lei Complementar encaminhado pelo prefeito de São Gonçalo, Jaime Calado, e aprovado pela Câmara Municipal do município que concedeu uma pensão vitalícia.
“LÁ NOS BARREIROS ONDE EU NASCI,
EM SÃO GONÇALO ONDE EU ME CRIEI,
EU VOU VOLTAR PRA MEU SÍTIO OITEIRO,
ADEUS RIO DE JANEIRO, ADEUS.”
(versos cantados por Dona Militana numa apresentação no Teatro João Caetano, Rio de Janeiro, durante participação especial no espetáculo “Lunário Perpétuo”, ao lado do brincante pernambucano Antônio Nóbrega).
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