Google faz homenagem à Dona Militana; romanceira completaria 96 anos nesta sexta (19)

Google faz homenagem à Dona Militana; romanceira completaria 96 anos nesta sexta (19)

Imagem: Google

O Doodle do Google desta sexta-feira (19) é uma homenagem a Militana Salustino do Nascimento, a maior romanceira do Brasil. Nascida em São Gonçalo do Amarante/RN, ela faleceu em 2010 e completaria 96 anos nesta data. Em 2005, ela recebeu a Comenda Máxima da Cultura Popular. Suas memórias estão expostas no Museu Municipal de São Gonçalo do Amarante.

Dona Militana era filha do Mestre do Fandango, Sr. Atanásio Salustino do Nascimento e de Maria Militana do Nascimento. Aos sete anos já trabalhava na roça, plantando mandioca e feijão. Apesar de analfabeta e de ser proibida de cantar pelo seu pai, foi na lida do campo que memorizou os romances, um considerável acervo que fez dela uma enciclopédia viva da cultura popular.

Seus romances eram originários de uma cultura medieval e ibérica, que narravam os feitos de bravos guerreiros e contam histórias de reis, princesas, duques e duquesas. Além de romances, Militana cantava modinhas, coco, xácaras, moirão, toadas de boi, aboios e fandangos, numa cadência que lembrava o cantochão, com ritmo baseado na acentuação e nas divisões do fraseado.

Na maioria das vezes, as narrativas cantadas eram histórias trágicas, como a do “Conde de Amarante”, em que a esposa chora a ausência do marido, enquanto dá ao filho “o leite da amargura” e se despede da vida. Outros romances, como “Nau Catarineta”, traziam poesias de terras distantes, desconhecidas, lugares por onde Militana navegava com a memória e a imaginação.

Na década de 1990, o folclorista Deífilo Gurgel conheceu os cantos de Dona Militana e permitiu que o país inteiro conhecesse o talento dela. A romanceira chegou a gravar um CD triplo intitulado “Cantares”, lançado em São Paulo e Rio de Janeiro. Críticos e jornalistas de grandes jornais brasileiros se renderam aos encantos e a peculiaridade da voz de Dona Militana.

Em setembro de 2005, em Brasilia, ela recebeu das mãos do então presidente Lula a Comenda Máxima da Cultura Popular, sendo considerada a principal e última guardiã do romanceiro medieval nordestino.

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