Os jovens estão se tornando cada vez mais vulneráveis aos efeitos negativos do uso excessivo das redes sociais. Ansiedade, privação de sono e depressão estão entre as doenças mais recorrentes entre esse grupo de usuários.
“Vivemos em tempos líquidos. Nada foi feito para durar”. A frase do sociólogo Zygmunt Bauman revela perfeitamente o estado atual da nossa sociedade. O que Bauman chama de Modernidade Líquida pode ser definido como um estado em que a sociedade está sempre em busca do “novo”, algo que é incerto. E é nessa incerteza que nascem as angústias que acabam por paralisar o indivíduo, que por sua vez pode tornar-se um ser angustiado.
Numa tentativa de amenizar essa angústia, surge a busca desenfreada pelo entretenimento. É nessa perspectiva que as redes sociais podem se tornar verdadeiras armadilhas. Não há dúvidas que elas são importantes ferramentas comunicacionais, que facilitam a vida de milhares de pessoas. No entanto, o uso desenfreado, e até mesmo o mal uso delas, tem levado milhares de pessoas a adquirirem, ou agravarem, quadros depressivos e/ou de ansiedade.
O médico psiquiatra, Rodrigo Alessandro Brandão, que atende na rede de saúde do município, ressalta que as redes sociais têm tornado as relações muito mais distantes, o que acaba por aumentar a falta de contato físico entre as pessoas. Além disso, contribuem, muitas vezes, para a frustração de quem não consegue diferenciar o real do irreal. “Elas não tem filtro. Nelas você pode encontrar coisas excelentes e coisas adoecedoras. E como o jovem, principalmente, carece de um juízo de valor, então ele vê de tudo, indiscriminadamente, e quando se dá conta já está totalmente envolvido em tramas que podem ser doentias”, disse.
Uma pesquisa feita no Reino Unido mostrou que as redes sociais são mais viciantes que álcool e cigarro, por exemplo. Essa pesquisa mostrou também que 90% das pessoas na faixa etária entre os 14 e 21 anos usam redes sociais. Isso talvez explique o aumento dos transtornos mentais nessa parcela da população nos últimos 25 anos. Segundo o estudo, esse aumento passa dos 70%. A vulnerabilidade, o juízo de valor e a ‘criação’ de uma vida irreal, baseada em uma “vida perfeita” vista na Internet, contribuem para que o indivíduo se frustre diante da realidade em que vive.
Administrar o boom de informações que recebemos a cada instante tem se tornado cada dia mais difícil. É preciso, portanto, cuidar para não cair nas armadilhas que as redes sociais estão se tornando para a saúde mental.
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